quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Do fundo do Baú: Metrópolis

Paliteiros, estou começando hoje uma nova sessão aqui no Palitos Nerds só com clássicos do cinema, TV, quadrinhos de antigamente.
Metropolis, do cineasta alemão Fritz Lang, é um filme que vi ano passado para um cadeira na faculdade. Me chamou bastante atenção.Ele pode ser considerado o pai dos filmes nerds. Então vou compartilhar um pouco do meu ponto de vista com vocês.
O filme é um clássico que até hoje influência muitos autores da ficção científica, mas mesmo assim não é um filme de fácil degustação. Com seus 124 min ele é bem longo até para os padrões hollywoodianos de hoje e sendo um filme totalmente mudo e preto e branco não agradará ao paladar de todos, mas assim como um exótico prato da culinária japonesa, por exemplo, ele merece ser apreciado pelo menos uma vez na vida por todos, quer gostem ou não de ficção científica, pois ele não fica somente nesta vertente circula também entre a crítica social e política e uma história de amor.
Em “Metropolis”, somos apresentados a uma cidade do século XXI (mais precisamente, do ano de 2026, exatamente um século após o início das filmagens desse filme). Enquanto os operários, vitais para o funcionamento das máquinas e da própria cidade (representando, assim, as “mãos” da cidade), vivem nas cidades subterrâneas de Metropolis em prédios padronizados e sendo muitas vezes mortos por causa de sua exaustão no trabalho com as máquinas, os Mestres (que, por sua vez, são a “cabeça” da cidade) vivem na superfície, levando uma existência de prazeres e despreocupação. É quando Freder, filho do poderoso Joh Fredersen, se apaixona por Maria, que é, na verdade, uma espécie de ‘pregadora’ dos operários, que se reúnem para ouvir seus discursos pacifistas. Joh Fredersen, percebendo isso, pede a Rotwang dê as feições de Maria ao robô que este acaba de construir, a fim de que ela possa incitar os operários à violência, permitindo que os Mestres ataquem-nos por sua ‘insubordinação’.
Com um jeito único de contá-la, Fritz Lang nos mostra que não é preciso encher um filme de efeitos especiais (embora estes também fossem necessários para criar um visual revolucionário para a época) e lances futuristas que sabemos ser difícil de que venham a acontecer para se fazer um bom filme de ficção.
Por ser considerado o filme mais caro da história do cinema mudo, ele tem cenário grandiosos e bem detalhados evidenciando muito bem a diferença entre as duas classes apresentadas na película.
Fritz não poupou esforços para passar para a tela sua visão deste futuro distópico usando câmeras importadas dos EUA juntamente com equipamentos normais dos filmes da época e inovando no uso destes equipamentos ele conseguiu criar cenas que impressionam e são copiadas até hoje, como câmeras em movimento ou seguindo um determinada objeto cenas que podem parecer cotidianas atualmente, mas naquela época eram extremamente inovadoras. Um exemplo perfeito disso é que após ter de ensinar a um ator como deveria fazer uma cena com a mão em um close, o diretor acabou gostando do take e utilizando-o no filme original. A partir daí, ele optou por colocar em todos os seus filmes um close de sua própria mão. Alfred Hitchcock o imitou aparecendo em todas as suas películas.
E hoje em dia M. Night Shyamalan faz a mesma coisa. O que é bom tem de ser copiado mesmo. Apesar de tudo o filme foi duramente criticado na época de seu lançamento, em 1927, sobretudo por àqueles que não simpatizavam com o seu conteúdo político. Outro fato curioso é que, Hitler, fascinado pela suntuosidade e grandiosidade do filme, pediu para que o seu braço-direito Goebbels convidasse Fritz Lang para assumir a ‘chefia’ da indústria cinematográfica alemã. O diretor agradeceu, recusou a proposta e partiu às pressas para Paris. No entanto, sua esposa Thea von Harbou não só ficou para trás, como também se tornou uma nazista.
Com tantos filmes ruins sendo refilmados, os executivos de Hollywood deveriam tentar recontar essa história com os recursos que dispõem hoje. Se derem sorte de pegar um bom diretor, teremos uma ótima história nas telas.
Bom, pelo menos é o que eu acho.
Até a próxima paliteiros.

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