terça-feira, 29 de maio de 2012

Eu li: O Sonhador, de Will Eisner

Ganhei um exemplar da minha namorada no natal, mas só consegui ler a pouco tempo atrás e gostei bastante.
Em O Sonhador (The Dreamer), Will Eisner narra a história de Billy Eyron, um desenhista que tem como sonho principal na vida construir uma carreira através dos quadrinhos. A evolução do personagem se confunde com a própria construção da indústria norte-americana durante a era de ouro dos quadrinhos na década de 1930, quando as histórias passaram de simples encadernados de tiras publicadas em jornais até algo independente e que servia como forma de aumentar as vendas.
Cara, a técnica narrativa empregada por Eisner, em todos seus albuns, é um dos melhores exemplos do potencial que o meio tem de contar boas histórias. Não é à toa que o autor é considerado um dos maiores quadrinistas da história, e tem um prêmio importante que carrega seu nome.
Mas para mim uma coisa que prejudica a obra como um todo é o roteiro que, na tentativa de falar de um grande período de tempo, acaba se tornando superficial. Não estou falando que é ruim, mas os acontecimentos que surgem no decorrer da história exigem que o leitor tenha um conhecimento prévio da história dos primórdios dos quadrinhos para entender totalmente todas as referências e situações.
Referências como os plágios feitos de sucessos como Batman e Superman se tornam claras para qualquer leitor, coisa que não acontece, por exemplo, quando o autor fala sobre o fim das revistas Pulp ou o declínio das coletâneas semanais. Infelizmente, a falta de conhecimento sobre tais assuntos acaba por empobrecer a leitura, que pode se tornar confusa para quem entra em contato pela primeira vez com uma graphic novel.


Pensando nisso seria interessante a inclusão de notas de rodapé que ao menos tentassem esclarecer o leitor – algo totalmente inexistente na edição da Devir.
Sempre fico imaginando como seria esta obra se Eisner tivesse ido a fundo naquela época e escrevesse sobre a era de ouro inteira.
Mesmo com estes pequenos problemas, se é que pode se dizer isso, em poucos páginas, Eisner consegue mostrar personagens carismáticos e que nos deixam com vontade de saber um pouco mais sobre suas histórias. Um dos momentos que se destacam é a apresentação dos profissionais que fazem parte do estúdio de onde o personagem principal trabalha, na qual o leitor conhece mais sobre seus sonhos pessoais e motivos para estarem ali. Com  várias referências a desenhistas famosos no mundo dos quadrinhos, esta parte mostra que história tinha potencial para bem mais. Tanto que no final perceber-se que ela pode muito bem servir como um prelúdio para a outra graphic novel de Eisner,  Ao Coração da Tempestade.

Prefiro bem mais esta capa da edição antiga.





















Bom, pode ser que esta não seja exatamente uma das histórias mais marcantes produzidas por Eisner em sua extensa carreira, mas com certeza tem qualidades que tornam a leitura uma boa experiência. Somente aqueles que já possuem um bom repertório sobre os bastidores das histórias em quadrinhos, contudo, aproveitarão realmente a graphic novel. Mas nem por isso deixo de recomendar, até por que o leitor pode se interessar pelo assunto e ir pesquisar mais. É sempre bom ter mais gente pesquisando e quem sabe escrevendo sobre o assunto não acham?
Mas caso o você não pertença a esse público, existem outras obras do autor que pode mais interessantes para uma leitura inicial. Entre elas, destacam-se Nova Iorque ou Um Contrato com Deus.

Bom, espero que tenham gostado da dica.
Se decidirem ler esta história e tiverem alguma dúvida podem perguntar aqui, sempre pesquisei sobre quadrinhos e vou fazer o possível para responder as possíveis dúvidas que aparecerem. hehehe
Valeu paliteiros, até a próxima.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, reclamação, pedido ou qualquer outra coisa que você ache que vale a pena ser dito.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...