Depois de muito tempo volto a postar por aqui outro conto baseado em minhas ideias antigas. Já tinha apresentado um parte deste universo aqui e ainda contando com a parceria do amigo Eliel nos desenhos ( e agora na parte escrita), a saga continua. :D
Leiam aí o conto Guerra que se passa um pouco antes da história principal deste universo. Se tudo der certo a partir de agora a produção de histórias vai aumentar. Já temos outras histórias ganhando forma.
GUERRA
Lembro daquele dia como
se fosse hoje. Era mais um fim de semana como sempre em minha vidinha
monótona que se resumia a algumas cervejas, conversa fiada sobre
mulheres e filmes e ressaca no dia seguinte.
Eu estava saindo do meu
banho quando ouvi um estrondo ao longe seguido de mais dois outros,
não me importei na hora, pareciam fogos de artifício bem ao longe.
Algum tempo depois ouvi
outros estrondos numa seqüência de quatro em curtos intervalos de
um para o outro, sendo que o ultimo foi bem mais próximo da minha
residência. Os vidros das janelas vibraram ao som do ultimo estrondo
e a luz da sala piscou umas duas vezes. Com certeza não eram fogos
de artifício.
La fora eu ouvi as
vozes dos meus vizinhos curiosos para ver o que estava acontecendo.
Abri a janela que dava pra rua juntando-me aos demais curiosos. Todos
se perguntavam o que estava acontecendo. Alguém falou que vira algo
na TV sobre uma explosão no centro da cidade, mas, que agora não
havia mais sinal todos os canais estavam fora do ar. Todos falavam ao
mesmo tempo gerando um burburinho. Foi nesse momento que escutei algo
como o som de um trovão que se aproximava rapidamente vindo pela rua
de trás. Foi tudo muito rápido e do que me lembro é de estar sendo
jogado pra fora da janela e o mundo girando entre pedaços de vidro,
madeira, tijolos partidos e logo depois tudo ficou escuro.
Um cano estourado
jogava água para o alto e as pequenas gotículas que se espalhavam
no ar me despertaram da escuridão. Minha cabeça estava estourando
de dor, meus ouvidos zumbiam e minha visão estava turva. Só depois
de um tempo pareceu uma eternidade consegui entender minha situação.
Estava deitado sobre a grama do que um dia fora o jardim da minha
casa, o céu estava escuro, o ar cheirava a fumaça e ao redor eu
podia ouvir gemidos e gritos desesperados.
Tentei me mover e meu
corpo respondeu primeiro com dores em toda parte, mas mesmo assim
consegui me sentar, a cabeça girou senti vertigens e ânsia de
vomito. Mais alguns minutos se passaram até eu conseguir me
recompor. Meu corpo estava coberto de poeira, arranhões e pequenos
cortes. Estava vestindo apenas a minha calça jeans surrada no
momento em que fui jogado da janela de casa para fora pela explosão.
Minha casa agora era uma ruína.
Gostaria de dizer que
fui heróico em meu comportamento diante do que vi a seguir quando
consegui ficar e pé e contemplei a devastação ao redor mim. Fogo e
fumaça, algumas casas ardiam em chamas, pessoas mortas em pedaços
espalhados pela rua, corpos carbonizados, uns ainda agonizando
retorciam-se de dor, outros cambaleavam em choque como bêbados sobre
os escombros do que fora uma rua pavimentada. Uma onda de medo me
atingiu como um soco no estomago fazendo me dobrar e meu estômago
dando voltas me fez vomitar. O desespero me dominou por um tempo até
eu escutar outros sons que se aproximavam. No inicio pequenos
estampidos que foram aumentando até poder distinguir o que eram:
tiros, rajadas de metralhadoras e pelo som deviam ser de grosso
calibre.
Aquilo não era real,
não podia ser, era um pesadelo tinha quer ser! Eu queria acordar,
mas infelizmente era a verdade. Enquanto eu tentava me convencer de
que estava em um sonho ruim ouvi agora gritos de pessoas pedindo por
suas vidas e sendo silenciadas pelo matraquear de metralhadoras.
De repente ouvi um
barulho vindo do beco que havia entre minha casa e a vizinha do lado
onde ainda as paredes estavam de pé, passos apressados se
materializaram na forma de um rapazinho que passou correndo por mim
tão aterrorizado que notou minha presença sumindo de vista logo
adiante noutro beco. Aquilo me tirou do devaneio momentâneo fazendo
com que eu reunisse um pouco de coragem e curiosidade para saber o
que estava acontecendo.
Avancei cautelosamente
para o lado onde ouvira os tiros, ainda que inicialmente com passos
vacilantes. Minha cabeça ainda doía um pouco e ainda ouvia um leve
zumbido nos ouvidos. Ao me aproximar da esquina da rua me esgueirei
pela parede e vi algo que apenas para mim na época só era possível
nos filmes e historias em quadrinhos. Iluminados pelas chamas de
algumas casas que ainda queimavam estavam dois enormes robôs. Pelo
menos foi o que achei que eram a princípio. Deviam ter pelo menos
uns quatro metros e altura, pintados com uma cor preta brilhante que
refletiam as chamas dos incêndios. Seus braços eram armados, no
direito uma metralhadora Gatling de um calibre desconhecido pra mim,
mas aparentemente pesado, acho que serviria pra enfrentar até um
tanque de guerra e no braço esquerdo uma larga e afiada lamina.
Estava eu ainda pasmo
diante de tão exótica visão que quase não percebi quando um deles
girou sua cabeça na minha direção, logo seu corpanzil metálico
também acompanhou a cabeça e ele erguendo seu braço de lamina
apontou para minha posição.
- Veja temos mais um
ali – disse ele com uma voz metálica desprovida de qualquer
emoção.
- É só mais um rato –
disse o outro e soltou uma gargalhada que soou bem humana aos meus
ouvidos – Vamos acabar com ele daqui a pouco, completou.
Foi por puro instinto
que me joguei no chão no momento em que eles abriram fogo contra
mim. Balas atingiram a parede abrindo buracos do tamanho de bolas de
futebol, a poucos centímetros da minha cabeça. Tentei rastejar para
longe da parede temendo que ela desmoronasse em cima de mim, o ar
estava cheio de poeira e destroços. Um deles avançou até onde eu
estava correndo com grande agilidade. Enquanto o outro mantinha o
fogo cerrado para eu não me mover. Logo a casa da esquina desabou
diante do tiroteio levantando uma nuvem de poeira que se espalhou por
todo lado.
Quando a poeira se
dissipou com um vento que agora sobrava ali eu me vi diante dos
monstros mecânicos. Eu estava apavorado demais pra me mexer.
- Olá ratinho não
quer fugir? É mais divertido, disse aquele que rira antes.
- Que... Quem são
vocês? Conseguiu balbuciar quase num fiapo de voz.
Ele riu novamente da
minha pergunta e do meu medo também eu acho, ele parecia se divertir
com isso.
- Somos alienígenas
malvados que queremos escravizar todos nesse mundinho ridículo,
disse ele desatando numa outra gargalhada.
Inclinando o corpo em
minha direção ele deu um passo a frente e ouvi um estalo metálico
e logo das juntas de seus ombros uma nuvem de vapor chiou e as duas
placas metálicas que tinha o formato de peito dele se abriram para
os lados e dentro apareceu um rosto de um homem sorrindo
zombeteiramente.
Ele usava um capacete
com visor escuro que permitia apenas ver do nariz para baixo.
- Deixe de brincadeira
Will – reclamou o outro – acabe logo com ele ainda temos muito
que fazer.
Naquele momento meu
medo sumiu e eu os odiei de todo coração. Meu corpo agora tremia,
mas era de puro ódio. Então era aquilo tudo mais uma guerra causada
por um punhado de políticos ou alguns canalhas com fome de poder? Os
malditos tecnocratas interessados em testar novas armas no mínimo!
Depois as coisas que me
lembro foram meus olhos ardendo, o chão a minha volta tremer e o
sorriso daquele homem se desfazendo enquanto tentava se virar para
seu companheiro.
- Merda, ele é um
maldito dum free! - gritava com seu nariz sangrando, as duas
armaduras robóticas soltando fagulhas enquanto seus membros
metálicos se retorciam como papel quando é amassado. As armaduras
começaram a vibrar e explodiram. Uma luz ofuscante cobriu tudo logo
após e depois a escuridão reinou novamente.
Em um lampejo de
consciência ainda vi dois jovens um de cabelos cacheados de cor
acastanhados estavam ajudando um senhor idoso e uma garotinha que
estavam presos nos destroços de uma casa, enquanto outro de cabelos
castanhos cortados curtos se aproximava de mim falando algo que não
conseguia entender. Mergulhei novamente na escuridão.
Espero que tenham gostado e fiquem ligados para mais histórias neste universo.
Gostaram? Odiaram? Tem alguma crítica (construtiva, por favor :D), comentem aí!
Valeu paliteiros, até a próxima.
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